O levantamento checou o nível de “consciência digital”, isto é, se as empresas consideram que a tecnologia pode melhorar as relações humanas e ampliar a produtividade das empresas. Menos da metade, 48%, demonstrou ter esse tipo de consciência, enquanto 28% consideram que “transformação digital” consiste em investimentos em tecnologia.
A pesquisa mostrou, ainda, que 22% dos 512 profissionais entrevistados não tinham ideia do que é a mudança e dos resultados dela.
“O profissional que não se atentar a essas habilidades terá muita dificuldade para chegar a cargos de liderança”, explica Fabio Cassab, sócio da empresa.
O investimento em tecnologia representa um “braço” dessa mudança. Já a tecnologia em si, para Cassab, é apenas uma ferramenta.
“É uma questão muito mais cultural do que tecnológica. Mas a tecnologia não deixa de ser uma variável”, diz Cassab.
O levantamento verificou, em um universo de 90 empresas da região, quais estão implementando projetos vinculados a este tipo de transformação. A pesquisa constatou que 65% das empresas investem em projetos nessa área, enquanto 22% discutem sobre a possibilidade. Para os 13% restantes, as mudanças estão longe de se tornarem realidade.
A transformação digital também é uma busca mundo afora. A Exec é membro da consultoria internacional Association of Executive Search and Leadership Consultants (Aexc), que entrevistou 850 líderes das maiores empresas do mundo – 65 brasileiros. A conclusão do estudo foi que a mudança de mentalidade está entre as três maiores preocupações destes profissionais.
Funcionária da consultoria Exec durante apresentação sobre ‘transformação digital’, em Campinas (SP). (Foto: Fábio Pimentel/Exec/Divulgação)
Em relação aos ganhos trazidos por esse tipo de transformação, Cassab destaca eficiência e produtividade. Para explicar, ele usa como exemplo a evolução da comunicação entre as pessoas.
“Eu comecei a me comunicar com pessoas enviando cartas. Em um determinado momento, surgiu o e-mail. Em outro, o WhatsApp. Agora pense o seguinte: três empresas nasceram enviando cartas e hoje já poderiam usar o WhatsApp, mas uma ainda acredita que carta é o melhor modelo”, explica Cassab.
Cofundador de uma consultoria de empreendedorismo e inovação em Campinas, Wagner Foschini Jr. disse ao G1 que, além do aumento de produtividade, essa transformação trouxe crescimento.
“A gente sempre foi uma empresa de serviço. Hoje em dia, a transformação digital possibilita que a gente consiga começar a pensar em novos negócios direto para produtos”, diz.
Por meio desses produtos, que Foschini chama de “escaláveis” – que podem alcançar outros mercados -, o lucro da empresa aumenta. Segundo ele, enquanto a rentabilidade da parte de serviço da consultoria fica na ordem de 30%, a dos produtos ultrapassa 100%.
“A tecnologia possibilita que você crie produtos, serviços e negócios que agregam muito mais valor para o cliente e promove, do ponto de vista da empresa, um crescimento muito mais rápido e com muito mais rentabilidade”, diz Foschini.
Habilidades comportamentais
De acordo com Cassab, as empresas dão cada vez mais importância para as habilidades comportamentais do profissional. Isso inclui inteligência emocional, resiliência e relacionamento interpessoal.
“Se você vai fazer um processo seletivo, independente da função, as empresas olham a capacidade que o profissional tem de trabalhar nesse ambiente de constante evolução”, diz.
Além disso, o sócio ressalta a necessidade de o profissional estar sempre antenado com as novidades e tendências do seu ramo. E recomenda o desapego a antigas práticas.
“Quando você vai entrevistar um profissional e ele se apega a coisas que fazia no passado, isso é considerado limitado. É muito mais legal quando você vê pessoas que se conectam com aquilo que eles podem fazer no futuro, com a possibilidade de trazer benefícios e ganhos para a empresa olhando lá na frente”, conta.