Pai do Pix’ deixa Banco Central para desenvolver versão internacional da tecnologia
26 de novembro de 2025


O engenheiro Carlos Eduardo Brandt agora atua no FMI e quer usar o Pix como referência para melhorar os sistemas de pagamentos internacionais.

 

'Pai do Pix' deixa Banco Central para desenvolver versão internacional da tecnologia

 

Líder da equipe que desenvolveu e implementou o Pix, o engenheiro Carlos Eduardo Brandt deixou o Banco Central (BC) para trabalhar no Fundo Monetário Internacional (FMI), conforme revelou a BBC na última semana. No novo emprego, em Washington (Estados Unidos), ele chefia a área de pagamentos e infraestruturas de mercado.

Membro de família com larga experiência no sistema financeiro, Brandt foi o único brasileiro na lista das 50 pessoas mais influentes de 2021 na definição dos rumos dos negócios globais elaborada pela Bloomberg. O reconhecimento veio um ano após a estreia do sistema de transferências instantâneas, que já fazia sucesso naquela época.

Pix internacional a caminho?

Também conhecido como o “Pai do Pix”, o profissional que trabalhou no BC por 23 anos usa a experiência acumulada na criação da ferramenta que superou o cartão de crédito como meio de pagamento mais usado no Brasil para melhorar o sistema financeiro internacional. O objetivo é aprimorar mecanismos de transferências entre países.

  • Atuando no FMI desde agosto, Brandt acompanha de perto iniciativas como a da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que integra 16 países;
  • Ele também tem observado o Nexus, do Banco de Compensações Internacionais (BIS), composto por sistemas de pagamentos de vários países, possibilitando pagamentos instantâneos;
  • Implementado primeiro na Índia, Filipinas, Singapura, Tailândia e Malásia, o Nexus é apontado como o “Pix internacional”;
  • “A minha percepção foi de que eu poderia contribuir com outros países e numa escala global”, afirmou o especialista, à reportagem.
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As transferências internacionais geralmente têm taxas caras e são mais demoradas que o Pix. (Imagem: Thitima Uthaiburom/Getty Images)

 

Outro projeto acompanhado é o das Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDC), que utilizam tecnologia semelhante à das criptomoedas mas são emitidas e regulamentadas por autoridades monetárias. Lastreadas pelos governos, são uma alternativa para modernizar as operações financeiras entre países.

Usando o Pix como referência internacional, Brandt busca soluções para simplificar as transferências de valores entre bancos das mais variadas nacionalidades. Porém, há vários obstáculos, devido ao envolvimento de moedas diferentes nas transações, à regulamentação financeira de cada país e questões de segurança.

Redução de custos e outros benefícios

A versão internacional do Pix pode trazer resultados semelhantes aos alcançados no Brasil, como a desburocratização dos serviços bancários e a diminuição dos custos para os usuários. Recentemente, um diretor do FMI criticou as altas taxas cobradas por empresas que fazem remessas de dinheiro ao exterior.

Segundo o chefe do departamento de mercados monetários e de capitais da entidade, Tobias Adrian, essas empresas recebem US$ 45 bilhões (R$ 242 bilhões pela cotação atual) anualmente, em taxas pelas transferências. Para ele, o valor pode ser reduzido com a criação de uma tecnologia de transferência eficiente.

Mas, para isso, é necessário um modelo idêntico ao brasileiro, em que empresas privadas não sejam responsáveis pelo desenvolvimento, implementação e operação, como destaca a publicação. Um sistema em uso na Índia segue o caminho contrário, incluindo as big techs na cadeia de pagamentos.