Muito se ouve falar sobre Blockchain na atualidade e, muito facilmente, encontram-se bons conteúdos na internet sobre como essa tecnologia funciona. Entender esse funcionamento já é um grande passo para nos prepararmos para o que vem por aí. Porém também é importante aprendermos como isso pode impactar o contexto digital.
Existem muitas das aplicações possíveis dessa tecnologia, como: transparência eleitoral, menor custo e burocracia de registros civis e comprovação de identidade digital. Entretanto, hoje vou falar sobre um item cada vez mais valorizado por todos: a privacidade.
Indivíduo mexendo no computador com tecnologia Blockchain.Fonte: Getty Images
Não é incomum vermos notícias de empresas com vazamento de dados pessoais de clientes, ou até mesmo recebermos mensagens e ligações de empresas — com as quais nunca tivemos relacionamento —, oferecendo-nos serviços e sabendo mais dos nossos dados do que deveriam.
É bom lembrar que, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, “Ninguém será sujeito à interferência na sua privacidade, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem ataque à sua honra e reputação”.
Vale lembrar que alguns governos ao redor do mundo já estão trabalhando em leis de proteção de dados e privacidade, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), de 2020. Ela foi inspirada na General Data Protection Regulation (GDPR), a Regulamentação Geral de Proteção de Dados, criada pela União Europeia (UE) e vigente desde maio de 2018.
Essa lei promove informações sobre pontos importantes de como coletar, armazenar e compartilhar os dados pessoais e sensíveis de clientes e consumidores, tanto por meios físicos quanto digitais.
Estão sujeitas às normas da LGPD empresas públicas e privadas, independentemente de tamanho e segmento da economia, que atuam no país e usam dados pessoais em suas operações.
Isso é um avanço no que diz respeito aos nossos dados. Porém, ainda fica difícil de controlar e realmente fiscalizar como as empresas armazenam e utilizam essas informações, uma vez que eles ficam guardados em bancos de dados privados e as corporações, na prática, ainda fazem o que querem com eles — geralmente mascarados por políticas de privacidade longas e complicadas que raramente lemos antes de utilizar algum produto ou serviço.
E como a Blockchain pode ter um papel importante nesse processo?
A melhor forma de realmente respeitar a privacidade de alguém é simplesmente não obter dados pessoais dos clientes. Mas, caso não seja possível, investir em tecnologia Blockchain, como fez a Intel, é uma ótima solução.
A maioria das Blockchains funciona com o mecanismo de chaves públicas e privadas. Nesse sistema, a chave pública é o endereço da sua carteira — quase como uma “chave Pix” —, enquanto a chave privada é uma informação que só o dono daquela carteira tem, e é a única maneira possível de movimentar os ativos ali contidos.
Entenderam a sutil diferença? Em instituições tradicionais, como bancos, corretoras, sistemas governamentais e redes sociais, você precisa fornecer seus dados pessoais para criar uma conta com usuário e senha, enquanto na Blockchain é necessário apenas utilizar sua chave privada para comprovar a propriedade de sua carteira.
Pessoa utilizando tecnologia Blockchain na hora de acessar dados pelo ambiente digital.Fonte: Getty Images
Isso permite que sua chave pública seja utilizada como uma identidade virtual segura, como uma carteira de ativos financeiros, e até como uma carteira de ativos únicos (NFT), como ingressos de shows, esportes, ou até representar uma assinatura de algum serviço online.
Com isso, no futuro, você provavelmente não precisará mais informar seus dados pessoais para utilizar qualquer serviço digital. Isso representa total respeito à sua privacidade e seus dados pessoais. Vale enfatizar que, caso a tecnologia da Blockchain seja utilizada da forma certa, ter maior privacidade é apenas uma das vantagens entre tantas.
O que achou do conteúdo? Acompanhe esta coluna para saber de outros assuntos importantes do universo globalizado. Soberania individual, transparência, confiabilidade e independência são alguns dos pontos que abordaremos por aqui!