O trigo, em alta de 7% nessa segunda-feira (7), mas acumula subida de 75% no ano; barril do petróleo bateu US$ 139 ontem à noite
Anton Petrus / Getty Images“Estou sem palavras” foi a frase dita por um executivo do mercado financeiro internacional ouvido pela Reuters para explicar o que está acontecendo com os preços das commodities de metais, óleo e gás.
O gás natural subia hoje mais de 70%, para o maior nível da história, equivalente a US$ 600 o barril do petróleo.
“Nenhuma indústria consegue operar nesse nível de preço da energia”, disse Roberto Attuch, da Ohmresearch.
O trigo, em alta de 7% nessa segunda-feira (7), mas acumula subida de 75% no ano. Aqui no Brasil, na conta da Necton, a valorização do real baixa essa conta para perto de 55%.
O barril do petróleo bateu US$ 139 ontem à noite. O gatilho foi a fala do secretário de estado americano, Antony Blinken, em “banir a importação de petróleo da Rússia.”
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão europeia reforçou: “nada está fora da mesa; estamos preparando outras medidas”, sem dar mais detalhes.
Da Lituânia, onde está para acontecer um encontro com ministros de relações exteriores de outros países, Blinken disse que o fato da Rússia conquistar uma cidade não significa que vai ganhar a guerra.
Como sempre aconteceu em situações de elevadíssima incerteza, a rápida correção no mercado financeiro vem pelo preço. São muitos os agravantes agora, num conjunto inédito de medidas e repercussões sem precedentes.
Há pouco mais de dois anos do inicio da pandemia, que paralisou o mundo e fez eclodir um nível elevadíssimo de incerteza, analistas avaliam que não é possível fazer uma comparação com o quadro atual.
“São cenários diferentes. O impacto da pandemia veio de uma vez só. Desde setembro nós acompanhamos o crescimento da tensão na Ucrânia. Claro que nunca esperamos que chegasse aonde chegou, mas não foi um susto. A gente espera muito bom senso nas próximas medidas porque todos sabemos que o caos é ruim para os negócios e a destruição de demanda mundial pode ser absurda”, disse Attuch.
Para Mauro Morelli, da Davos Investimentos, os dois eventos têm características de imprevisibilidade. A diferença está nas referências ao logo do tempo.
“A pandemia é um evento que acontece a cada século. A guerra, infelizmente, é um evento que acompanhamos há décadas, aconteceu muitas vezes, inclusive com a Rússia invadindo a Geórgia e a Criméia. Isso é muito grave, inclusive do ponto de vista humanitário, mas temos alguma referência para lidar”, disse o economista da Davos.