Uma das maneiras de uma empresa captar recursos para poder financiar projetos de médio e longo prazo é através de bonds, como genericamente são conhecidos os títulos de dívidas emitidos por companhias ou por governos no exterior.
Da mesma forma como acontece no mercado interno, a empresa sai em busca de investidores dispostos a emprestar recursos. Em troca, o comprador do título recebe juros periódicos e o valor principal na data de vencimento.
Dependendo do vencimento do título, ele recebe um nome diferente. Os Bills têm vencimento máximo de um ano, os Notes de um a dez anos e o Bonds, propriamente ditos, de até 30 anos, como explica Betty Grobman, especialista em finanças e sócia da BSG DuoPrata.
A remuneração depende de uma série de fatores como a estrutura da companhia e as notas dadas pelas agências de classificação de risco. Quanto maiores forem as chances da empresa não honrar seus compromissos, maior é a taxa esperada pelos investidores.
Também pesa o tempo que o título leva para atingir a maturidade, ou seja, o tempo que a empresa tem para pagar o valor principal ao investidor. Isso também tem relação com o risco, uma vez que para o investidor é muito mais fácil prever as chances de um calote em um período de um ano do que em dez anos, por exemplo. Outro fator que influencia é o fluxos de recebimentos “À medida que vão sendo pagos os juros periódicos, menor vai ficando o risco”, explica a especialista.
Quem busca tais títulos costuma se debruçar sobre os dados financeiros e as perspectivas de crescimento da companhia e do setor no qual ela atua. A situação econômica do país também é levada em conta pelos compradores de bonds.
Isso faz com que a emissão dos títulos seja bem mais difícil para uma empresa que passa por dificuldades financeiras — uma vez que ela teria que pagar mais pelo “empréstimo” — ou quando a economia local não vai tão bem.
“Entretanto, para as empresas que possuem bons fundamentos de crédito, trata-se de uma modalidade extremamente vantajosa de captação de recursos, já que estas conseguem remunerar seus investidores a taxas bem menores do que as que teriam que que oferecer no mercado doméstico, mesmo considerando uma possível necessidade delas se protegerem do risco cambial, caso internalizem os recursos”, diz Betty Grobman.
Atualmente, as empresas brasileiras vivem um bom momento no mercado de dívida internacional. Só neste mês, 7,15 bilhões de dólares foram captados no exterior por empresas como Petrobras, JSL, Rumo, Marfrig, Hidrovias do Brasil, Rede d’Or e Natura. O montante é 20% maior que o registrado no primeiro mês de 2017.