Em entrevista ao programa Caminhos com Abílio Diniz, Fabricio Bloisi afirmou que tecnologia ajuda a criar empregos
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Em entrevista ao programa Caminhos com Abílio Diniz, da CNN, o fundador e CEO do iFood, Fabricio Bloisi, falou sobre a importância da tecnologia e da inteligência artificial para a criação de empregos e para o desenvolvimento de empresas de sucesso.
“Eu acho que para ser muito bom e crescer muito hoje, a gente tem que investir em tecnologia”, disse.
“Como era o mundo antes do smartphone? Era muito diferente, você não podia fazer metade do que faz hoje andando. E como era o mundo antes do Google? Era completamente diferente. Se você tinha um problema, você ia numa biblioteca […] Você esperava até amanhã para receber o jornal, e a cada 15 dias chega a revista global que te explicava o que estava acontecendo”, completou.
Para Bloisi, o impacto da tecnologia e da inteligência artificial nos próximos anos será maior do que o surgimento dos smartphones, por exemplo. Na visão do empresário, o Brasil tem potencial para ser um player global.
“Eu estou falando de um mundo de 10 ou de 20 anos atrás, é bem pouco tempo. O impacto da tecnologia nos próximos 10 anos é tão grande ou maior. Como a gente pode pensar como inovar, crescer, ser disruptivo e mudar o mundo sem ser extremamente conectado, por exemplo, com o impacto da inteligência artificial, que vai mudar o mundo completamente nos próximos anos?”, questionou.
“A gente precisa ter as melhores empresas nessas tecnologias novas para que gente seja tão eficiente e bom, que nossas empresas não só ganhem localmente, mas possam exportar e ser um player global e eficiente”.
Pandemia
O empresário associou o crescimento do iFood no período de pandemia a uma expansão anterior à Covid-19.
“A gente cresceu muito na pandemia, mas a gente também cresceu muito nos cinco anos antes e a gente também está crescendo muito depois da pandemia […] A gente crescia 100% ao ano por cinco anos, e gente tinha uma empresa pronta de pessoas, de preparação, de tecnologia”, disse.
“A gente estava pronto para entregar o que o país precisava durante a pandemia”, acrescentou.
Bloisi destacou que, no período, o iFood apoiou entregadores e restaurantes.
“A gente emprestou algo como R$ 15 bilhões para que eles [estabelecimentos] não fechassem […] A gente realmente investiu muito para apoiar como o país precisava”.
“Trabalhamos muito antes para ter uma empresa pronta para que, naquele momento que gente precisava de uma empresa de delivery, a gente continuasse crescendo”, afirmou.
No entanto, o empresário afirmou que a empresa teve prejuízo bilionário no período.
“O iFood acabou se tornar uma empresa lucrativa. Na pandemia a gente perdeu R$ 2 bilhões de reais, mas a gente achava que era o momento de investir para atender o que o Brasil precisava. Agora, o mercado mudou completamente no último ano, e ele exige que todas as startups sejam lucrativas, então a gente passou a ser uma empresa lucrativa”
Por outro lado, o CEO do iFood disse não conectar o crescimento da empresa à pandemia.
“A tendência de pedir comida em casa é uma tendência de 20 anos. Nos próximos 20 anos, cada vez mais as pessoas vão pedir comida em casa. A pandemia talvez tenha antecipado dois ou três anos para as pessoas conhecerem mais isso”, avaliou.
Para Bloisi, o “sonho grande” da empresa são os próximos 10 anos.
“Agora a gente vai crescer de verdade. A gente tem uma empresa muito boa, com o proposito forte, a gente está pronto para isso”, concluiu.
Empresa “ambidestra”
“Sonhar” e “paixão” são duas palavras que Bloisi destaca como essenciais para o sucesso de um negócio. No entanto, ele usa uma terceira para motivar a equipe do iFood: “ambidestro”.
“Ambidestro é a palavra que a gente fala no iFood em toda reunião grande. A gente junta os líderes para dizer ‘pessoal, a gente só vai ter sucesso se a gente for ambidestro’”, afirmou.
“Isso significa ser excelente em execução, gestão, colocar meta, disciplinas […] Mas, ao mesmo tempo, ser excelente em inovação. Se a gente não for disciplinado, que entende de orçamento, de gestão, de comunicação, vai vir alguma startup menor e vai passar a gente em dois ou três anos”, explicou.
“Meu trabalho é explicar para o gestor que sem aquele cara um pouco louco da startup a gente quebra em poucos anos, e explicar para o inovador que sem aquela disciplina a gente não vai conseguir os recursos para chegar onde tem que chegar”, acrescentou.
Bloisi disse ainda que a ambição faz muita diferença em seu negócio.
“O segredo do iFood é não só eu acreditar nisso, mas meu time de líderes acreditar nisso e a empresa inteira acreditar nisso. Quando a empresa inteira acredita nisso, eles vão lá e fazem”.
Para ele, é necessário que o brasileiro deixe de lado o “complexo de vira-lata”.
“O iFood hoje é uma das melhores empresas do planeta Terra no nosso segmento, e isso começou com a gente realmente apaixonado dizendo: ‘eu vou criar uma empresa tão legal quanto a Microsoft do Bill Gates, e vou criar a melhor empresa do mundo da área’”, complementou.